Compreendendo a "voz" de um transtorno alimentar
Eu tenho tentado escrever este artigo por mais de uma semana. É um tópico sensível e difícil de explicar, mas essencial para que se compreenda a natureza e as ferramentas manipuladoras de um transtorno alimentar. Muitos sofredores de transtornos alimentares têm medo de admitir abertamente que ouvem vozes em suas cabeças. No entanto, é um sintoma da doença: ouvir uma voz que parece pertencer a uma pessoa diferente, que faz sugestões e comentários cruéis, manipulando a percepção que o doente tem de si mesmo.
Compreender que existe, de fato, uma voz manipuladora que ora sussurra, ora grita na sua cabeça é importante por duas razões: em primeiro lugar, explica como a doença alimenta a si mesma através do constante domínio sobre o paciente, e segundo, porque explica por que é tão comum que pacientes deem à doença um status semelhante à condição de um ser humano próprio, referindo-se a ela como uma pessoa própria, com características e reações humanas. Não é incomum encontrar pessoas com um transtorno alimentar dizendo que a doença está "com raiva", fazendo "birra", batendo os pés e xingando. Isso porque a voz em suas cabeças tem uma personalidade própria e se enfurece quando não tem total controle sobre as ações do paciente.
Durante a recuperação, ensinar ao doente que sua voz e a voz da doença não são as mesmas, e que a sua própria voz, suas próprias vontades, precisam ser ouvidas, faz parte dos passos essenciais. Identificar a voz do transtorno alimentar e fazer o oposto do que ela diz é parte intrínseca da recuperação. Para o paciente, o processo de desafiar a entidade do transtorno alimentar e ir contra ela não é apenas enlouquecedor, mas também emocional e fisicamente doloroso, pois o poder que a voz tem sobre o doente é imenso e não se conhece outra forma de viver, que não seguindo as instruções e regras que a voz "sugere". Quanto mais você a segue, mais forte fica, e mais fraco você se torna.
Especialmente se em estado avançado de desnutrição, ir contra a voz é ainda mais complicado, pois as funções cognitivas do paciente estão severamente danificadas. Isso evidencia a dificuldade de reverter um quadro avançado da doença e a importância de identificá-la e tratá-la a partir dos primeiros sinais. Ir contra a voz é essencial. Mas como? O jejum prolongado deixa suas funções cerebrais fora de equilíbrio, então a primeira coisa a fazer é desafiar a voz que diz "Você vai engordar se você comer" ou "Você pode comer, se vomitar depois" e comer alguma coisa - e não fazer uso de atitudes compensatórias. Quebre as regras da doença e se alimente. Isso vai diminuir o efeito que a voz tem.
Quando fazer isso se tornar muito difícil e você estiver muito assustado para ir contra, tente falar com a voz. Converse com o seu transtorno alimentar e o desafie: para cada regra e mentira que ele empurrar para você, dê uma resposta lógica. Para isso, educar-se é essencial. Diga à voz que comer não vai fazer você instantaneamente ganhar dez quilos e que comer é essencial para a sobrevivência - você não pode continuar a adiar. Seja teimoso, não desista facilmente. É uma tarefa muito difícil, mas você pode fazê-la! No entanto, se você está sentindo que a conversa está drenando toda a sua energia e você não pode fazê-lo mais, pare. Nós não queremos que você tenha um colapso! Tente uma habilidade alternativa: vá fazer outra coisa. Envolva-se em uma atividade saudável. Fazer uso da criatividade é ótimo para esses momentos. Escreva um poema ou algo em seu diário, desenhe círculos ou uma paisagem, pinte livros de colorir, faça algo que retenha sua atenção. Mais tarde, depois de se recuperar, tente outra vez.
Leia mais sobre as vozes de um transtorno alimentar aqui:
1. The Voice of an Eating Disorder & 7 Ways to Shut It Up
2. The Voice in Your Head
3. The Voice of an Eating Disorder
4. Voices Of An Eating Disorder
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