Semana de Conscientização sobre Transtornos Alimentares
Hoje marca o início da Semana de Conscientização sobre Transtornos Alimentares. Passei o dia inteiro tentando escrever algo, mas as coisas não saíram muito bem. Acabei chorando e sentindo que não há nada que eu possa fazer para mudar minha situação, nem para ajudar qualquer outra pessoa. Senti-me impotente, e minha própria existência perdeu o sentido, porque eu tenho feito do meu ativismo a minha razão para continuar lutando por mim mesma. Mas estou tentando de novo. Isto é, a propósito, uma lição que me foi ensinada através da recuperação: sempre tente novamente se, no fundo, você acreditar que vale a pena. Aqui vamos nos!
A Semana de Conscientização sobre Transtornos Alimentares é, na verdade, algo dos Estados Unidos. Eles têm todos os anos, mas nós não. Decidi participar este ano, com as pessoas de todo o mundo que estão a transformar isso num evento internacional (o que eu espero que se torne). É hora daqueles lutando contra um transtorno alimentar, e seus amigos, e suas famílias, falarem e mostrarem ao mundo que não é sobre o peso. Por esta razão, vou manter a promessa que fiz quando comecei este blog: não vou compartilhar minhas "fotos de doentes", nem números pessoais. Vou compartilhar a experiência - a voz, os segredos, as razões, todo o cenário. Vou quebrar isto em uma "série" de posts.
Por hoje, eu estou indo para o básico: O QUE SÃO TRANSTORNOS ALIMENTARES?
Transtornos alimentares são doenças mentais graves, que oferecem risco de vida, mas tratáveis, definidas por alterações perigosas nas formas de lidar com o alimento e o ato de comer. Apesar da prevalência da imagem popularizada pelos meios de comunicação, de adolescentes ricas que se fazem passar fome por beleza e popularidade e de modelos de alta-costura que guardam um "segredo sujo" nos bastidores, transtornos alimentares não discriminam: pessoas de qualquer gênero, idade, sexualidade, etnia e classe social podem ser afetadas.
As causas dos transtornos alimentares variam e são, geralmente, definidas como combinação de fatores psicológicos (tais como traumas na infância e na adolescência), socioculturais (como a cultura da dieta) e biológicos (como alterações hormonais e condições genéticas). Uma vez que a doença se desenvolve, a situação se torna um processo auto-sustentável: a própria doença provoca as condições que a mantém, num ciclo vicioso, que requer ajuda profissional especializada para ser quebrado. Os transtornos alimentares mais frequentes são:
- Anorexia nervosa: caracterizada pela auto-inanição e incapacidade de manter um peso corporal saudável e adequado
- Bulimia nervosa: envolve compulsão alimentar seguida de vômito auto-induzido, uso excessivo de laxantes e diuréticos e/ou outros comportamentos para evitar ganho de peso, como exercício excessivo e jejum
- Transtorno de compulsão alimentar: quando a compulsão alimentar ocorre pelo menos uma vez por semana durante um período de três meses, na ausência de comportamentos compensatórios
Existem também outros tipos, tais como ortorexia (extrema obsessão por alimentação saudável) e diabulimia (quando um indivíduo com diabetes tipo 1 omite ou usa mal a insulina para gastar calorias).
É importante notar que transtornos alimentares têm a maior taxa de mortalidade de qualquer doença mental. A cada 62 minutos, pelo menos uma pessoa morre como conseqüência de um transtorno alimentar. 1 a cada 5 pessoas com anorexia nervosa comete suicídio. A auto-mutilação é uma condição comórbida que afeta 34% dos pacientes com bulimia. 60% das pessoas que lutam com transtorno de compulsão alimentar são mulheres e 40% são homens.
Apesar da gravidade de tais doenças e da deficiência que causam em todos os aspectos da vida de um indivíduo doente, muitos ainda se recusam procurar tratamento adequado devido ao medo de enfrentar o estigma que cerca transtornos mentais ou, ainda, por questões financeiras. Embora muito ainda precise ser feito para mudar a situação dramática que se torna ainda mais surpreendente todos os anos, o papel daqueles que estão lutando por suas vidas é claro: abrirem-se e serem honestos sobre as batalhas que enfrentam, bem como sobre as causas por trás de suas doenças.
Sua voz merece ser ouvida.
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